A patologia é designada por “síndrome da presunção” (Hubris syndrome), “partilha elementos com o narcisismo e a psicopatia, corresponde a um padrão de comportamento provocado pela exposição a um cargo de poder por um período variável de um a nove anos”.
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“Há vários sintomas envolvidos, sendo de destacar a perda de contato com a realidade, predisposição para ver o mundo como um lugar para a auto-glorificação através do uso do poder, preocupação exagerada com a imagem e a apresentação, forma messiânica de falar acerca do que estão a fazer, utilização recorrente do ‘nós’ em tom majestático, identificação de si próprios (ideias e pensamentos) com o Estado, como se fossem um só, excesso de autoconfiança com desdém perante os conselhos ou críticas dos outros, assumir apenas responsabilidade para um tribunal superior (história ou Deus), ao mesmo tempo em que reitera a crença de que será recompensado nesse julgamento”.
O estudo mais aprofundado desta doença prendeu-se essencialmente com uma clara relação desta síndrome a cargos de poder um pouco por todo o mundo. A Síndrome de Húbris é uma “desordem psicológica desencadeada pelo poder”, que se pode acentuar “em face de uma situação de crise como uma guerra ou um potencial desastre financeiro”.
Uma agenda sobrecarregada, mordomias para tudo e mais alguma coisa, estar em permanente contato com pessoas que deles necessitam, são apenas a ponta do véu desta imensidão que pode conduzir à doença psiquiátrica daqueles que ocupam cargos de liderança.
Estes indivíduos acabam por se considerar diferentes dos demais devido ao conjunto de regalias que auferem, razão pela qual, “ficam emersos num mundo de ideias geradas apenas por si próprio, e aos poucos, sem se aperceber, vai perdendo o contato com o mundo real”.
Envolto em muita curiosidade, o poder é algo que parece fascinar muita gente e que se pode tornar perigoso quando vivido de forma exagerada.
De um modo geral, as pessoas com síndrome de Húbris apresentam três ou mais destes sinais:
1 – uma propensão narcísica para ver o mundo em primeiro lugar como uma arena para exercer o poder e procurar a glória;
2 – predisposição para fazer coisas de forma a melhorar a sua imagem, e não o coletivo;
3 – uma preocupação desproporcionada com a imagem e a apresentação;
4 – uma forma messiânica de falar daquilo que está a fazer é tendência para a exaltação;
5 – identificação com a nação ou a organização ao ponto de o indivíduo achar que os seus pontos de vista e interesses são idênticos;
6 – tendência para falar de si na terceira pessoa ou uso do plural majestático;
7 – confiança excessiva no seu próprio julgamento e condescendência em relação aos conselhos ou críticas dos outros;
8 – crença exagerada em si mesmo, na fronteira da sensação da omnipotência;
9 – mais do que ser responsabilizável perante tribunal mundano dos colegas ou da opinião pública, acha que será julgado pela História ou por Deus;
10 – crença inabalável de que nesse tribunal será ilibado;
11 – perda de contato com a realidade, muitas vezes associado a isolamento progressivo;
12 – inquietude permanente, indiferença, impulsividade;
13 – tendência para que, ao apreciar a retidão moral de uma determinada opção, considere custos e benefícios;
14 – incompetência hubrística: as coisas começam a correr mal por causa do excesso de confiança e ele nem se preocupa com as dissidências.
15 – contam mentiras disfarçadas usando o senso comum, para iludir e ganhar confiança.
16 – fingem-se de santos, como se fossem somente eles ou o partido, ou instituição a única cabível de mudança.
Para finalizar, importa reter que, nem todas as pessoas possuem a hábil capacidade de conciliar um cargo de chefia com a razoabilidade, o bom senso e a capacidade de olhar o outro. Esta é uma razão pela qual se discutem tanto os aspetos da liderança nas sociedades atuais e, pela qual estejamos a atravessar uma das maiores e mais expressivas crises em termos de valores.
A síndrome da presunção, pode ser o ponto de partida para repensar a política e o estilo de vida que é pedido aos detentores de cargos de poder, pois acima de tudo, são homens e mulheres, com percursos e identidades que “se esmagam” quando de um cargo de chefia se trata. Se quisermos líderes poderosos e equilibrados, seguramente que temos de pensar no mundo que os cerca e o que os impede de manter a sua visão da realidade.
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